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"Mulher, vítima de um ataque brutal, e passarem em 'loop' na televisão"

"Mulher, vítima de um ataque brutal, e passarem em 'loop' na televisão"

© Instagram

Notícias ao Minuto

"Hoje uma televisão, em canal aberto ao fim da manhã, passou imagens em 'loop' de uma mulher a ser barbaramente atacada por um homem num parque de estacionamento." Foi assim que começou a publicação de Rita Ferro Rodrigues, referindo-se à mulher que foi esfaqueada no parque de estacionamento do Estádio José Alvalade, em Lisboa.

"Uma mulher, vítima de um ataque brutal, não sabemos se sobreviverá (sobrevive-se a isto?) e as imagens desta violência a passarem em 'loop' na sua televisão nacional, com hienas a comentarem por cima, hienas famintas e cheias de opiniões", explicou ainda.

"Eu era criança e ligava a televisão. Eu era familiar daquela mulher e ligava a televisão, eu era aquela mulher e ligava a televisão. Eu era aquela mulher e ligava a televisão e, mais uma vez, agredida, desrespeitada, atacada, utilizada, comercializada, por audiências e por dinheiro. Eu era também aquela mulher que fez um aborto e que se vê julgada em horário nobre. Eu era aquela mulher que 'se pôs a jeito' porque marcou um encontro no Tinder, porque entrou num carro, porque bebeu demais, porque usou uma mini saia e estava mesmo a pedi-las", lamentou.

"Somos todas aquela mulher: a que está no hospital a lutar pela vida, silenciada por facas machistas, sem saber que de manhã, numa televisão nacional, a sua inominável tragédia está a dar em 'repeat', o seu terror a alimentar a guerra de audiências e o 'clickbait', num festival de despudorada falta de empatia, e decência mínimas", acrescentou.

"Somos todas aquela mulher e queremos que saibam que sabemos quem são vocês, os/as que tomam decisões , as/os que compram o 'anúncio', os/as que gritam nas régies ('mete essa merda em 'loop' que vende'), as/ os que compram os batidos, os/ as que ficam em cima da ponte a ver para onde dá , as/os que não se comprometem, os/as que se calam que nem ratos, à espera que passe", continuou.

"Estamos a ver-vos e sabemos exatamente quem são. E não perdoaremos. Não perdoaremos os agressores, não perdoaremos os/as cúmplices, não perdoaremos os/ as cobardes, não perdoaremos os/ as hipócritas. Temos o poder de decidir o vosso poder. Podemos fazer assim: 1) não clicar; 2) não sintonizar; 3) fazer 'unfollow'; 4) não comprar; 5) não nomear; 6) não partilhar; 7) e não lhes dar descanso; 8) e lutar por nós e pelas que não têm voz. Até já e ninguém larga a mão de ninguém", rematou.

Leia Também: Racismo. "Estes cobardolas criminosos não representam o povo português"

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